Envelhecer é um processo complexo, dinâmico, progressivo e irreversível, a que todos os seres estão sujeitos com a passagem do tempo.
Nos últimos anos, a esperança média de vida tem aumentado, repercutindo num incremento do número de pessoas pertencentes à terceira idade.
À medida que a idade aumenta, as pessoas tornam-se menos ativas, as suas capacidades físicas e perceções sensoriais diminuem, os seus órgãos vitais e sistemas tornam-se mais frágeis e surgem também algumas alterações psicológicas (sentimento de velhice, stress, depressão).
As principais alterações nos diferentes sistemas corporais:
Alterações a nível antropométrico:
-Diminuição da estatura (devido à compressão vertebral, estreitamento dos discos e adoção de uma postura hipercifótica – “postura corcunda”);
– Aumento de peso até aos 70 anos seguido da sua perda a partir dos 80 (devido a mudanças nos neurotransmissores e fatores hormonais que controlam a fome e a saciedade; a dependência funcional relacionada com a nutrição; uso excessivo de medicamentos; depressão e isolamento; alterações na dentição; sedentarismo extremo);
– Alterações no índice de massa corporal (IMC). O seu aumento conduz a um incremento de mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes. A sua diminuição conduz a um incremento de mortalidade por cancro, doenças respiratórias e infeciosas;
– Diminuição da densidade óssea (relacionada não só com o envelhecimento mas também com o estado hormonal, nutricional, genética e atividade física do individuo).
Alterações a nível musculo-esquelético:
– Sarcopenia: perda da massa, força e qualidade do músculo-esquelético. A sarcopenia conduz ao aumento do risco de queda e perda da independência física funcional;
– Maior e mais rápida fadiga muscular;
– Redução do equilíbrio;
– Défice no controlo postural.
Alterações a nível cardiovascular:
-Aumento da rigidez e do diâmetro dos vasos sanguíneos;
– Redução do débito e da frequência cardíaca;
– Aumento da pressão arterial;
– Aumento do débito de oxigénio.
Alterações a nível respiratório:
– Enfraquecimento do diafragma;
– Declínio do número de alvéolos pulmonares;
– Redução do transporte mucociliar e do reflexo da tosse;
– Diminuição da capacidade vital;
– Diminuição da frequência e do volume expiratório;
– Aumento do volume residual.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento ativo consiste na consolidação das oportunidades para a saúde, a participação e a segurança, com o intuito de melhorar a qualidade de vida, à medida, que as pessoas envelhecem.
Um envelhecimento bem-sucedido está ao alcance da grande maioria da população, mas necessita-se de um investimento na prevenção e na intervenção para a promoção da saúde, ou seja, evitar na população sequelas incapacitantes.
A atividade física regular e moderada traz benefícios aos idosos e pode retardar o declínio funcional. Desta forma, os idosos sentem-se úteis na sociedade e adquirem mais autonomia nas suas atividades da vida diária (AVDs).
A atividade física deve ser programada com alguns cuidados especiais no que diz respeito a alguma restrição relacionada com as modificações progressivas da idade ou existência de patologias cardiovasculares, músculo-esqueléticas, etc..
As atividades aeróbias devem ser de intensidade moderada por 30 minutos diários em 5 dias por semana ou ainda atividades vigorosas por 20 minutos em 3 dias por semana. O trabalho de força muscular deve incluir oito a dez exercícios (10-15 repetições/exercício) envolvendo os principais grupos musculares, com um nível de esforço variando de moderado a intenso, em dois ou mais dias não consecutivos na semana. Para o trabalho de flexibilidade, recomenda-se a prática de atividades que estimulem a manutenção/aumento desta capacidade em dois dias na semana, com a duração mínima de dez minutos em cada dia. É importante também realizar exercícios de equilíbrio, no intuito de reduzir o risco de lesões causadas por quedas
É importante ressaltar que a promoção da saúde não ocorre de forma isolada com o exercício físico. Cada vez mais se valoriza uma mudança de hábitos como emagrecimento, controlo dos diabetes e deslipidemias, diminuição do stress, entre outros.
Os principais benefícios do envelhecimento ativo são:
– Aumento/manutenção da capacidade aeróbia;
– Aumento/manutenção da massa muscular;
-Prevenção das doenças coronárias;
– Melhoria dos níveis de colesterol;
– Redução da massa gorda;
– Prevenção/controlo do diabetes tipo 2 e hipertensão arterial;
– Redução da ocorrência de acidente vascular cerebral;
– Prevenção de alguns cancros;
– Redução da ocorrência de demência;
– Melhoria da auto-confiança e auto-estima;
– Diminuição do stress e ansiedade;
– Melhoria do estado de humor e da qualidade de vida.
A Fisioterapia é uma área relevante no processo de envelhecimento, podendo o Fisioterapeuta contribuir além da reabilitação, na consciencialização da população idosa exercendo o seu papel de agente promotor de saúde e colaborar para o envelhecimento ativo.
A Fisioterapia tem como objetivo preservar as funções motoras do idoso, visando adiar a instalação de incapacidades próprias do processo de envelhecimento e tratar as alterações e sintomas já existentes.