Dor ciática – fatores de risco, avaliação e tratamento

O nervo ciático é formado por raízes com origem no plexo lombo-sagrado (L4, L5, S1, S2 e S3), atravessa a região glútea, passa pela parte posterior da perna, dividindo-se no joelho em nervo tibial e peroneal com ramificações até ao pé. É o principal nervo do membro inferior.

Lombalgia é o termo que se refere à dor na coluna lombar. Pode acometer ambos os sexos, em diferentes idades e variar a sua intensidade e duração. Muitas vezes, a lombalgia é acompanhada de dor irradiada pelo trajeto do nervo ciático, designada também de lombociatalgia. A sua prevalência ao longo da vida pode alcançar os 43% na população em geral.

Para além de dor na região lombar baixa com irradiação para o glúteo e parte posterior da perna, o paciente geralmente apresenta alterações sensoriais como parestesias (formigueiro, adormecimento), alterações motoras como défice de força e pode também ter alterações na marcha e na mobilidade em geral. Os sintomas podem variar dependendo do tipo, localização e gravidade desta condição. De modo geral, a dor é intensa e aguda e ocorre maioritariamente unilateral. Além da sintomatologia, esta patologia, diminui a capacidade laboral/desportiva e afeta a qualidade de vida, acometendo principalmente indivíduos entre os 30 e 50 anos.

Fatores de risco

  • Hérnias discais – rotura do anel fibroso com deslocamento do disco que pode comprimir e irritar as raízes lombares, nomeadamente o nervo ciático;
  • Compressões/síndrome do piriforme – o nervo ciático apresenta íntima relação com o músculo piriforme e alterações deste músculo podem levar a compressões;
  • Traumas – o nervo ciático pode estar envolvido em traumas diretos ou pode ser afetado em casos de fratura da pélvis ou em luxações da articulação coxofemoral;
  • Tumores;
  • Variações congénitas;
  • Doenças degenerativas (artrose);

Avaliação

Um exame físico adequado e a recolha da história clínica é essencial para o diagnóstico e para determinar qual o motivo de compressão do nervo ciático. Questões relacionadas com o tipo de dor, caraterísticas e trajeto de irradiação, devem ser realizadas.

O fisioterapeuta dispõe de várias ferramentas e testes para conseguir fazer um diagnóstico diferencial. Por vezes, exames de imagem podem ser necessários para o diagnóstico, localização, classificação e prognóstico da doença. A ressonância magnética é considerado o exame mais completo nestes casos.

A maioria dos casos de dor ciática corresponde a uma compressão nas raízes nervosas de L5 ou S1. Em casos de pacientes sem evidência de hérnia discal, devem ser pesquisadas outras causas, nomeadas a cima.

Objetivos de tratamento

  • Melhorar a sintomatologia (dor, parestesias, mobilidade e força muscular);
  • Melhorar a funcionalidade (marcha e tarefas da vida diária);
  • Impedir a progressão da patologia;
  • Impedir cirurgia;
  • Melhorar a qualidade de vida do paciente.

Técnicas de tratamento

O tratamento de fisioterapia dispõe de várias técnicas e recursos, entre eles a terapia manual e fortalecimento muscular para diminuir a sintomatologia do paciente. Em geral, a maioria dos casos resolvem-se num período entre as 4 e 12 semanas.

De entre as técnicas manuais disponíveis utiliza-se a massagem terapêutica, mobilizações e alongamentos musculares. Estas técnicas podem ser combinadas com a diatermia, acelerando assim o processo de regeneração tecidual. A mobilização neural é também indicada para restituir o movimento e elasticidade do sistema nervoso, promovendo o bom desempenho das estruturas musculoesqueléticas e suas respetivas funções.

O Método Pold é uma ferramenta com grande eficácia no tratamento de patologia/sintomatologia da coluna vertebral. Para além disso, recorrer a técnicas osteopáticas, como manipulações, tem resultados positivos. A acupuntura e a punção seca também pode ter efeitos positivos na diminuição da sintomatologia.

Relativamente ao fortalecimento muscular, são indicados exercícios de estabilização lombar através da ativação do músculo transverso do abdómen e fortalecimento dos glúteos. O pilates é uma das ferramentas indicadas e utilizadas nestes pacientes com o objetivo de aumentar a flexibilidade, a força muscular e melhorar o alinhamento postural.

No caso do tratamento conservador não mostrar resultados positivos e os sintomas forem muito graves ou incapacitantes será necessário recorrer a cirurgia. Atualmente, existem técnicas menos invasivas com menor agressão aos tecidos, menor tempo de internamento e retorno mais rápido às atividades laborais.

Conclusão

O nervo ciático tem um trajeto longo, predispondo a causas variadas de compressão. Um bom exame físico e exame diagnóstico são fundamentais para recuperação rápida e eficaz do paciente. A fisioterapia apresenta um elevado grau de sucesso neste tipo de sintomatologia dispondo de inúmeras técnicas para atingir o sucesso terapêutico.

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